sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A Maja Desnuda

Sempre que vejo nus de grandes mestres como Rubens, Tintoretto e Goya reporto-me ao tempo da minha pré-adolescência. Não que eu tivesse, àquela época, na minha parca idade e morador de um pequeno vilarejo interiorano, qualquer noção sobre os trabalhos de nenhum desses fabulosos artistas. Isso só aconteceu depois. Alguns anos depois quando frequentava o Curso Ginasial - atual Ensino Fundamental. Foi nesse período que tive a oportunidade de ver pela primeira vez, na biblioteca do colégio, algumas das suas belíssimas telas.
A Maja Desnuda de Goya encheu-me a vista e tocou meu íntimo com sua sensualidade e chamou minha atenção pela semelhança fenotípica com uma madrinha que eu tive. Batismo? Crisma? Não. Madrinha de fogueira.
Noite de São João e, recordo-me bem, lá estávamos nós, os três ao redor da fogueira naquela magia gostosa comum às coisas interioranas. Primeiro nós dois, os homens.
Ele: São João disse,
Eu: São Pedro confirmou.
Ele: Que você há de ser meu afilhado,
Eu: E o senhor meu padrinho,
Nós: Que Jesus mandou.
Depois, o momento de glória, a vez dela. Repetimos o ritual. Pronto. Após aquele ato simples e de acordo com as tradições tornamo-nos, sem qualquer aparato legal, padrinhos e afilhado.
A partir daquele dia, a nossa tríplice amizade que, havia algum tempo, já era bastante sólida. aumentou, tornou-se mais íntima, mais gostosa. Passei a frequentar a casa deles, cada vez com maior frequência, mais amíude, por três motivos: prestava-lhes, por puro prazer, pequenos trabalhos domésticos; tinha acesso irrestrito à biblioteca (sempre gostei muito de ler); e, por ela.
Ela foi minha segunda paixão. A primeira foi a professora primária. Minha madrinha era uma mulher linda, na minha concepção de menino-homem. Tinha a pele clara, cabelos escuros, um rosto belíssimo - de uma clássica e rara beleza - e um corpo carnudo, sem exageros ou excessos. Um corpo, digamos assim, fornido. Me perdoem as "top models", com seus belos(?) corpos esqueléticos, mas sou, desde criança, do time das Sônias Braga.
Minhas visitas à casa dos meus padrinhos ocorria quase que diariamente. Minhas leituras eram feitas, estrategicamente, deitado dorsalmente no chão. A posição, além de bastante confortável, me proporcionava uma belíssima visão das pernas da minha madrinha que vinha sempre me trazer merenda quando eu estava lendo. Que visão maravilhosa, divina, prazerosa, pecaminosa, até. Eu ali, deitado no chão e ela de pé na minha frente com as pernas - acho que de propósito - ligeiramente abertas. Durante uma das minhas sessões de leitura, no inverno, ouvi quando ela e uma amiga combinaram tomar banho de rio no dia seguinte. O local foi escolhido e citado por ela à porta da biblioteca onde eu me encontrava. Conhecia perfeitamente a árvore e o local citados, uma oiticica na curva do rio.
No outro dia, cedinho, lá estava eu empoleirado na oiticica. Não esperei muito. Uma meia hora, no máximo. Elas chegaram e começaram a despir-se. Apesar da outra também ser uma mulher muito bonita, não me despertava o menor interesse. Só tinha olhos para ela. A cada peça de roupa tirada, aumentavam minha ansiedade e excitação. Na minha quase imobilidade, para não chamar a atenção, fui vendo surgir lentamente aquele corpo de curvas perfeitas, de uma brancura láctea. Os seios lindos! Médios, rijos, com as aréolas róseas e os bicos empinados como se apontassem para algo à frente. Controlei-me para não atingir a máximo de prazer antes do final do espetáculo que, para meu deleite, ocorria como em câmara lenta. Minha excitação chegou ao clímax quando ela, olhando para cima com um sorriso cúmplice, impudico, insinuante e pecaminoso,tirou a calcinha me permitindo ver a bela negritude daquela relva deltóide. A partir daquele momento tornei-me, e continuo até hoje, um fiel discípulo de Onan!

Mossoró, 30 de Dezembro de 2008.

Nenhum comentário: