sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O Cinófilo e o Cinéfilo

Depois de, aproximadamente, umas três horas  que haviam-se conhecidos e algumas pingas, Abelardo e Cesário cujo papo era quase conduzido pelo primeiro, o mais letrado, concluiram que tinham muitos pontos em comuns, incluindo preferências e rejeições e coincidências.
Eram sagitarianos, do segundo decanato; tinham medo de avião - de voar, óbvio; gostavam de boa música e eram beatlemaníacos; eram alérgicos à voz e as bobagens ditas por alguns  comunicadores e/ou apresentadores de televisão como Galvão Bueno, Sílvio Santos, Faustão, João Inácio Jr, Enio Carlos, Datena, Neto , comentarista esportivo da BAND, dentre outros; não acreditavam em políticos brasileiros, principalmente os do PT; eram extremamente ecléticos gastronomicamente, comendo desde tripa assada até lagosta, incluindo uma variadíssima dieta de frutas, verduras, legumes e cereais; acreditavam em DEUS, não nas Igrejas ( católica, ortodoxa, evangélica, etc.); adoravam o mar e ficavam antenados observando as mulheres rebolarem o bumbum ao tirarem o short quando chegam à praia ; torciam pelos mesmos times; abominavam as bandas de forró do Ceará e as duplas sertanejas; achavam as propagandas das sandálias Havaianas inteligentíssimas e as da Insinuante, medríocres e de péssima qualidade. Não chegaram a um consenso quanto aos programas de humor da Globo. O Abelardo, radical, achava tudo uma porcaria, o Cesário, admitia alguns.
Conversa vai, conversa vem,  as preferências, rejeições e coincidências se repetindo, quando o Abelardo, falou:
 _ Sou cinófilo de carteirinha.
 _ Até nisso nós cobinamos, disse o Cesário. Eu também sou. Alíás tenho vasto material sobre o assunto, incluindo fitas, CDs, e  DVDs. Sou um colecionador.
 _ Que ótimo. Pode emprestar?
 _ Claro.
 _ Quer dizer, então, que você também é  cinófilo e ainda por cima dispõe de vasto material, não é?
 _ Correto.
 _ Quantos animais você tem?
 _ O condomínio não aceita animais.
 _ Que pena! Eu tenho três, todos de raças diferentes. Mas voltando ao assunto do seu material, cite alguns títulos.
 _ Olha o material é tão vasto que fica difícil, mas tem um que gosto muito.
 _ Qual é?
 _ Uma vida de cão.
 _ Quero ver. Você pertence a alguma associação, algum clube do gênero?
 _ Não, mas sou frequentador assíduo de alguns locais especializados.
 _ Podíamos combinar uma visita a um desses locais, você não acha?
 _ É possível sim.
 _ Façamos o seguinte, no próximo final de semana nos encontramos e cada um traz uma sugestão de um local a ser visitado, certo?
 _ Certíssimo.
Trocaram os números dos telefones. A mulher do Cesário veio pedir para ir embora porque estava com dor de cabeça. Despediram-se com um longo abraço como se fossem amigos de longas datas.
No domingo à tarde as esposas estavam sozinhas. A do Abelardo resolveu telefonar para a do Cesário. Depois de muito blá, blá, blá, , , e de besterol  sobre as novelas da Globo, a do Cesário perguntou:
 _ Você sabe para onde eles foram?
 _ Não. Acho que eles iam se encontrar e decidir, mas o Abelardo estava pensando em visitar a Sociedade Cearense de Criadores de Pastores Alemâes.
 _ É mesmo? Você tem certeza?
 _ Tenho, por que?
 _ O Cesário me falou que iam assistir um filme de arte, O Colecionador.

Moral da história? Em caso de dúvidas, não abuse de sua sapiência, consulte o Aurélio.

sábado, 20 de março de 2010

A Instituição

Outro dia, vendo um programa de TV sobre a sexualidade dos jovens, fiquei impressionado como eles, apesar da enorme quantidade de informações sobre sexo, as quais têm acesso na escola, na Internet, na midia, em casa - penso eu - são imaturos, inseguros e ingênuos. Até indefinidos, acho.
Faço referências, principalmente, aos jovens do sexo masculino. No meu tempo, após a puberdade, período angustiante no qual o indivíduo hora falava normal hora em falsete - desafinava - e andava sempre de braços cruzados para esconder a ginecomastia, o sujeito estava sexualmente definido: macho ou veado. Hoje as coisas mudaram. Há várias opções. O sujeito pode escolher entre hetero, homo, bi ou transexual. É verdade que alguns chegam à puberdade já sexualmente definidos, outros, entretanto...
_ E aí cara, você é...
_ Estou no período de transição, ainda não me defini. Estou lendo a Marta Suplicy e vendo a Laura Muler no programa do Serginho Groisman. Logo mais isso será resolvido.
Pois é! E antigamente? Como , graças a Deus, não havia essa parafernália de informações nem sexólogos, tudo era resolvido no velho e saudoso cabaré.
O jovem ia a primeira vez, geralmente, levado por um amigo mais velho e experiente ou pelo próprio pai. Entrava no quarto tremendo mais do que vara verde. A mulher ficava nua e deitava na cama com as pernas abertas. Quando o sujeito via aquela maçaroca - não havia xinim a "la Kojak" nem aparado rente, era tudo"black power" - ou corria para cima, dava conta do recado e saía do quarto sorrindo feito bobo, ou saía do quarto correndo sem olhar para trás, com medo daquele enorme capuxu. Pronto. Essa experiência única era suficiente para definir a sexualidade do indivíduo: macho ou veado. Em alguns casos, entretanto, quando o menino era levado pelo pai, uma figura importante como os famosos coronéis - patente comprada ou dada pelo governador em troca de votos - a sexualidade não se definia de imediato. Por medo do pai, o jovem não saía correndo do quarto, permanecia lá mas não fazia nada. A veadagem só era conhecida mais tarde, em muitos casos, depois do casamento quando, mesmo o "terreno" sendo fértil, não dava frutos.
O cabaré foi uma instituição de grande importância na vida dos homens em geral. Nele se aprendia tudo sobre sexo e, também, se contraía todo tipo de doenças venéreas - as atuais DSTs - tratadas, pelo farmacéutico à base de Benzetacil. Meu Deus como doía! Após a aplicação, o braço parecia que tinha sido triturado por uma prensa. Quando a coisa era mais séria, a aplicação era feita na bunda. Nesse caso todo mundo ficava sabendo, pois o sujeito passava alguns dias com dificuldades de andar e sentar. Doía pra caramba, mas o importante mesmo era provar do fruto proibido pois dor é coisa de macho, mesmo. Talvez, alguns optassem pela veadagem, com medo de tomar Benzetacil.
_ E aí meu amigo, como foi?
_ Benzetacil de 1.200.000 UI. Se ele tivesse arrancado o meu braço talvez tivesse doído menos.
Depois da primeira vez, mesmo correndo o risco de tomar a famigerada Benzetacil, muitos passavam a frequentar o cabaré diariamente. Faziam dele o segundo lar.
Um cabaré de boa qualidade possuía uma clientela extremamente variada. Era possível encontrar fazendeiros ( nos finais de semana, feriados e à noite); o pessoal da justiça e políticos ( entravam pele porta dos fundos); pessoas comuns (comerciantes, bancários, etc.); gente do clero que ia "catequizar" as prostitutas, e também entrava pelos fundos ; e, a fina flor do cabaré e das prostitutas: boêmios e malandros. Não, nem sempre é a mesma coisa. Há - pelo menos havia - boêmios que trabalham.
Quando o indivíduo caía nas graças de uma puta, estava com a vida feita. Não gastava nada. Ao contrário, as vezes recebia uma pequena ajuda pelo serviço prestado: levá-la ao orgasmo.
Um detalhe curioso é que uma rapariga inteligente nunca tomava cerveja em serviço. Ficava bebericando chá com gelo e ao otário que estava com ela, tomando cerveja, era cobrado whisky.
O sujeito enchia a cara, ia para o quarto e não fazia nada, dormia. Quando acordava não lembrava de coisíssima alguma e pagava uma conta astronômica - a despesa da mesa e a chave do quarto - da qual a prostituta tinha uma comissão.
Isso nunca acontecia com boêmios e malandros. Eles não pagavam, recebiam. As vezes, porém, havia incoviniência quanto à "merenda". Quando eles chegavam ao cabaré e a mulher da qual eles gostavam ou vice versa, estava acompanhada, tinham que esperar o sujeito dar o fora, fato que podia durar o dia todo. Quando finalmente isso acontecia, só restava uma opção: comer pão com manteiga!

sábado, 6 de março de 2010

Cantando no Banheiro

O pesadelo começou uns dois anos depois da separação quando, durante o banho, ele olhou para baixo e só conseguiu ver, além da enorme protuberância arredondada, as cabeças dos dedos dos pés. Oh meu Deus! Cadê o pingolim? Sumira completamente!. Levou a mão à região púbica e, depois de tatear bastante, conseguiu encontrá-lo. Ficou apavorado. Só isso? Tentou vê-lo. Puxou, esticou, nada. A protuberância enorme (leia-se pança) impossibilitava. Encolheu? Será? Fez novas tentativas, nada! O encolhimento do pingolim fora inversamente proporcional ao crescimento da barriga. Depois de refeito, resolveu, naquele exato momento, tomar medidas urgentes para tentar sanar o problema. Medidas drasticamente radicais. Aquilo, a pança, era o resultado do sedentarismo agravado pela aposentadoria e visitas frequentes à geladeira, somados a tendência genética à obesidade.
Saiu do banheiro decidido a mudar seu modo de vida, começando por duas medidas simples: se mexer e fechar a boca para uma porção de alimentos. Não ia procurar profissionais especializados, endocrinologista, nutricionista ou qualquer outro. Não ia frequentar academia nem SPA. Nada disso. Ia resolver tudo na base do "ou vai ou racha".
Começou imediatamente um novo padrão de comportamento: dietas rigorosas e atividades físicas. Entretanto, todo dia na hora do banho era o mesmo sofrimento, quando olhava para baixo: só as cabeças dos dedos. Pensou, várias vezes, em desistir. "Tenha paciência, seja persistente, essa sua forma anatômica é resultado de anos e mais anos de sedentarismo. Como pode querer que o resultado seja imediato? É impossível. Persista. Talvez demore anos para voltar ao normal" dizia-lhe sempre sua consciência quando ele fraquejava. Anos? "Sim, por que não?" Nesses momentos tinha vontade de chorar. Ah que vontade de ver o pingolim! Um dia quando trocava a roupa com a porta do guardarroupa aberta, olhou-se no espelho. A visão que teve foi impressionante: a pança enorme e, logo abaixo, uma região triangular escura, com três bolinhas de carne, tal qual almôndegas. Ficou horrorizado!Sua mente estava com a razão, tinha que ser persistente e paciente. Resolveu continuar tocando o barco pra frente.
Depois de cinco meses de caminhadas matinais e vespertinas diariamente e de uma hora de natação três vezes por semana, associadas a uma dieta básica de frutas, legumes, cereais, diversos tipos de grãos (inclusive alpiste) e uma variedade acentuada de vegetais folhosos - sua refeição, no almoço, parecia mais comida de camaleão do que de um ser humano - começou avisualizar, durante o banho, a metade dos pés e - que felicidade - a cabeça do pingolim! Notou, também, que estava menos redondo, uma prova concludente que estava no caminho certo. Ganhou novo ânimo! Saiu do banheiro, o que surpreendeu a faxineira, cantando "apareceu a Margarida".
Passou a frequentar somente restaurantes naturais. Churrascaria, pizzaria, choperia, sorveteria e afins, nunca mais! Tudo coisa do passado.
É verdade que as vezes tinha pesadelos estranhos: morrendo sufocado com um pedaço de pizza; afogado num barril de chopp; preso numa câmara frigorífica cheia de carcaças de animais; vomitando sangue depois de comer um pudim envenenado, isso para citar apenas alguns deles.
Quando um amigo lhe convidava para algum evento festivo do tipo "comes e bebes", arranjava sempre uma desculpa para não ir, mas ficava a pensar na variedade de petiscos e drinks: picanha, linguiça, costeleta suína, feijoada, torresmo, chopp, pinga, caipirinha, whisky. Tentações e mais tentações. Pai, afasta de mim esse cara!
_ Obrigado, já tenho compromisso, dizia sempre.
Estava passando por um período muito difícil. Levava uma vida monótona, meio isolado de tudo, quase sem prazeres, mas resoluto quanto à atitude tomada. Alegria mesmo só na hora do banho. Como a pança diminuíra, já avistava os pés, não totalmente, e boa parte do pingolim. Começou a cantar no banheiro. As preocupações sumiram, mas a dieta e as atividades físicas continuaram.
Quase um ano depois do início do "tratamento de choque", durante o banho, enquanto se ensaboava, não sentiu a protuberância abdominal. Olhou para baixo e lá estavam eles completos: os dois pés e o pingolim! Que visão maravilhosa! Lá estava ele, o novo velho pingolim! Parecia até que crescera. Não era nenhum "gigante pela própria natureza" mas era uma beleza. Começou a cantar alto como se quisesse anunciar a todos sua satisfação pelo achado.
Um pouco mais tarde, quando sentou-se à mesa para o desjejum, a faxineira perguntou:
_ O que foi que houve seu Dudu? Por que essa alegria toda?
_ Ele voltou! Graças a Deus, ele voltou!
_Quem seu Dudu?
Não respondeu, mas saiu do apartamento sorrindo para todos, cantando "ele voltou, o boêmio voltou novamente..." e pensando em encarar, finalmente, aquela gostosona do 302.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O Quarteto

Encontraram-se depois de um longo tempo, em uma choparia. Eram colegas de empresa mas, há algum tempo, estavam trabalhando em setores, filiais e bairros diferentes. Um com mais de sessenta anos e o outro na faixa dos trinta. Conversa vai, conversa vem e logo estavam falando do assunto mais corriqueiro depois alguns chops, mulheres.
_ transando com uma gata sensacional. A mulher tá me deixando louco, cara. É linda, linda, linda!
_ Idade?
_ Menos de trinta.
_ Solteira?
_ Casada.
_ Há quanto tempo?
_ Mais de um ano.
_ Sem ônus?
_ Presentes, principalmente jóias. Você sabe como é que é, ? Mulher nova, bonita e vaidosa.As vezes ajudo nas despesas gerais.
_ Outra família, hein?
_ Financeiramente estou bem e a mulher vale a pena. É uma tremenda gata, uma deusa! Tá me deixando louco. É um vulcão em erupção! Com ela, os estimulantes sexuais não são necessários. É uma coisa de louco! E você, hein? Com essa idade deve ter uma coleção de gatas.
_ Não. Transo com uma coroa bacana.
_ Coroa?
_ Por que não?
_ Você é um cara novo, pode conseguir mercadoria melhor. Material de primeira. A mulherada tá dando adoidado. Transa bem, pelo menos?
_ Divinamente. Cada transa é como se fosse a última. Uma loucura, e o melhor, sem nenhum ônus.
_ Como assim?
_ Paga tudo. Restaurantes, motéis, combustível e, quando o salário acaba, ainda forra minha mão.
_ Solteira?
_ Casadíssima! O marido é um coroa cheio da grana, assim como você. que, segundo ela, não dá mais no couro. Só entra na festa levado pela mão e ela é insaciável.
_ Você tá insinuando que eu...
_ Eu fiz referência à grana.
_ Você transando com uma coroa, como é que pode?
_ Coisas da vida.



Estavam na cama. Ela vendo a novela e ele lendo.
_ Querida, você lembra daquele meu colega, um moreno, uns trinta anos mais ou menos, que esteve, com a esposa, naquele sítio no carnaval oferecido pela empresa? Um cara bonitão, lembra? Faz tempo.
_ Lembro. Eu e ela tivemos um certo desentendimento a respeito do comportamento de vocês, os homens. Ela me pereceu uma sirigaita presunçosa. Por que a pergunta?
_ Me encontrei com ele hoje. Fazia muito tempo que a gente não se via. Desde que ele foi trabalhar na outra filial. Ele me contou que tá transando com uma coroa com mais de sessenta anos, que financia tudo quando eles saem e ainda lhe dá algum dinheiro Você já pensou? Fiquei impressionado. Como é que pode? Um cara novo transando com uma bruaca velha, casada, só por causa de dinheiro. Sei não!
Ela ficou calada, pensativa, distante.
_ O que você acha?
_ Isso é coisa que não me interessa.
Permaneceu calada. Algum tempo depois, desligou a TV, tirou, delicadamente, o livro das mãos dele, apagou a luz e resolveu dar uma mãozinha para tentar animá-lo, embora pensando no moreno bonitão, seu pierrot há alguns carnavais que só necessita de ajuda financeira.




O restaurante elegante, recém inaugurado, fora indicado indicado por uma amiga dela. Quase no final do jantar ele disse:
_ Amor, posso lhe fazer uma pergunta indiscreta?
_ Pode.
_ Você é muito vaidosa, ?
_ Sou, e daí? Era essa a pergunta indiscreta?
_ Não. Você teria coragem de me trair com um cara com mais de sessenta anos, só para satisfazer a sua vaidade?
_ Me respeite. Eu sou uma mulher honesta. Você, com sua mente suja, acha que tudo se resume em sexo. Não pode ver uma mulher, não importa a idade. Só pensa em sexo.
_ Também não é assim.
_ É sim, seu tarado. Por que essa pergunta sem sentido?
_ Me encontrei com um colega da empresa que não via há bastante tempo, um coroa metido a gostosão que esteve conosco num carnaval oferecido pela empresa. Carnaval num sítio, lembra?
_ Aquele casal cinquentão que...
_ Sessentão.
_ Cinquentão ou sessentão não interessa. Lembro que você passou os quatro dias de carnaval paparicando a mulher dele. " Dona Lu pra cá, Dona Lu prá lá". Foi o carnaval todinho assim.
_ Não lembro disso.
_ Mas eu lembro. O que que há? Por que a primeira pergunta?
_ Estivemos juntos tomando alguns chopps. Ele me contou que tá transando com uma mulher casada, linda com menos de trinta anos, assim como você.
_ O que você quer dizer com isso?
_ Nada não. Ele disse que cobre ela de presentes e jóias. Como é que pode, hein? Uma mulher nova, casada, chifrar o marido com um coroa que, acho eu, nem dá mais no couro, só por vaidade. O que que você acha?
_ Pura semvergonhice. Vamos parar com esse assunto?
_ Tudo bem, amor. Desculpe a minha pergunta.
_ Tá desculpado, disse ela encerrando a conversa. Discretamente, olhou para o anel de brilhante na mão esquerda enquanto, com a direita, tocava nos brincos. Presentes novos, lindos e caríssimos.
_ Querido, peça a conta, por favor. Não estou me sentindo bem, ela disse após alguns instantes de distração.
_ Por causa da minha pergunta?
_ Não. O tempero, talvez.
Mentira. Na realidade, além da pergunta, o incômodo maior estava sendo causado pelos sapatos e pela calcinha, presentes que estava usando pela primeira vez e que estavam um pouco apertados.