No guidão havia dois capacetes. Um azul escuro, quase preto, e outro era bonina ou, como se diz modernamente, pink. Esses detalhes levavam qualquer um a concluir que seus ocupantes era um casal.Ninguém os havia visto chegando. Nada sabiam sobre eles. Ela, entretanto, ali estava a encantar as pessoas de ambos os sexos, principalmente os homens mais jovens.
Após algum tempo já se formara uma pequena multidão ao seu redor, constituída por todo tipo de gente. Desde simples mortais até motoqueiros profissionais, sem esquecer os apenas admiradores do transporte sobre duas rodas. Era, realmente, um objeto digno de admiração. A cor completava o quadro: vinho-prata. Segundo um dos observadores, tratava-se de uma Harley-Davidson, modelo Electra Glide Classic, com motor de dois tempos, freios à disco, cinco marchas e partida elétrica. Devia custar algo em torno de R$ 70.000,00.
Os comentários sobre o felizardo dono daquela maravilhosa fortuna ambulante eram bastante diversos.
_ O cara é estribado!
_ Um sortudo, isso sim.
_ Com uma máquina dessas, deve ganhar tudo quanto é gata!
_ Um esnobe!
_ Um exibicionista!
Ah! A inveja. Que coisa, hein? Ela está sempre presente em qualquer situação. Mas, a bem da verdade, qual o filho de Deus que não se sentia atraído por aquele monumento bicíclico?
Entretidos com a moto, poucos perceberam o casal que se aproximava. Eram ambos altos e um pouco estranhos em alguns aspectos. Ele era forte, cabelos compridos, usava vários piercing e caminhava macio. Ela usava cabelo curto, sem maquiagem, exibia algumas tatuagens e caminhava pisando forte como um soldado nazista. Abriram caminho ente os populares, aproximaram-se da moto, pegaram os respectivos capacetes e colocaram na cabeça. O dela, o escuro com uma caveira desenhada atrás. O dele, o pink com duas borboletas laterais.
Sem falar com ninguém, subiram na moto, deram partida e se mandaram - ele na garupa - deixando todos de queixo caído. Pois é. Coisas dos tempos modernos!
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