Estávamos todos muito felizes e sorridentes. Ele, mais do que sempre, com aquele seu sorriso mágico, encantador - que lhe é peculiar - e que a todos conquista e deixa maravilhados. Eu "sem caber em mim" de prazer, de satisfação, ao vê-lo conquistar o seu primeiro troféu! Avô coruja? Claro! Espero que você, se ainda não conhece a sensação de ser avô, também consiga alcançar essa graça, ter esse prazer.
Mas, voltemos à festa. Enquanto ajudava a vestí-lo, íamos conversando banalidades. Nada de importância. Falávamos sobre a festa. Coisas simples, coisas mesmo de avô e neto. A cada peça do vestuário, da indumentária, mais belo ele ficava. Estava quase pronto. O terno caía-lhe muito bem. Só faltava a gravata.
_ Vovô você dá o nó na minha gravata?
Sempre gostei de dar nó em gravatas. Fazia isso, normalmente, para colegas, amigos e até para estranhos. Mas com certeza aquele foi o nó de gravata mais "caprichado" que eu já dei na minha vida. Terminado o nó, fiz os ajustes finais na gravata e na roupa. Estava pronto. Fiquei ali parado, hipnotizado a observá-lo e admirá-lo. Realmente lindo. Um verdadeiro Adônis! Assim, de pé e vestido de terno, parecia bem mais alto. Agora, por último uma foto para a posteridade.
Quando ele falou " Vamos vovô?" eu saí daquele maravilhoso torpor em que me encontrava e só então percebi que ainda não estava devidamente vestido de acordo com a ocasião e estávamos em cima da hora. O momento exigia o máximo de rapidez.
Vestía-me apressadamente quando o barulho dos trabalhadores que estão construindo uma casa vizinha à nossa, acordou-me. Voltei a dura realidade do dia-a-dia. Tudo um sonho. Embora um pouco decepcionado, mesmo assim,devo admitir que foi maravilhoso enquanto durou.
Espero que sonhos tão belos quanto esse continuem a embalar minhas noites de sono e desejo que o mesmo aconteça com ele, como forma de minimizar nossas dificuldades de agora, que com certeza e pela graça do Criador serão todas vencidas.
Percebo agora, depois de tudo, que aqueles momentos quiméricos ficaram registrados, fotografados pela minha Rolley-Flex mental e permanecerão para sempre na minha memória!
* IGOR, meu neto, nasceu com Tetraplegia Espástica e, embora já tenha quatro anos, ainda não fala nem anda.
Fortaleza, 27 de Maio de 2009.